JOINVILLE: um Clube, uma Cidade, uma Eterna Paixão
Há exatamente 38 anos o coração do povo joinvilense começava a bater mais forte. O ano era 1976 e pela a primeira vez, o JOINVILLE ESPORTE CLUBE entrara em campo, num jogo amistoso comemorativo ao aniversário da cidade.
Um time que passou a ostentar o nome da cidade, representando de forma honrosa toda grandeza e o poderio econômico de Joinville: a nossa querida “Cidade dos Príncipes”, “Cidade das Flores” e, por tantas empresas que nessa terra prosperam, também conhecida carinhosamente como “Manchester Catarinense”.
Assim, na maior cidade de Santa Catarina, surgia uma paixão por um clube que nasceu grande, nasceu campeão e que nos anos seguintes reinaria absoluto no estado, tornando Joinville conhecida nacionalmente também pelo seu futebol. Herdando as tradições do futebol joinvilense, conseguiu unir as cores de dois clubes, velhos rivais por mais de 50 anos, para se tornar o Tricolor mais vitorioso do futebol catarinense.
E no dia de hoje em que Joinville completa 161 anos de fundação, como um presente de aniversário, vamos relembrar como foi a primeira apresentação do Joinville E.C. diante de sua gente ordeira, trabalhadora e apaixonada pelo nosso TRICOLOR!
Parabéns JOINVILLE
Jornal AN 09/03/1976
Vasco veio com o time completo
O Vasco da Gama será a grande atração de hoje na cidade, quando enfrentará, a partir das 15h30min, no estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, a equipe do Joinville E.C. Trata-se de um encontro histórico, dentro da data em que a cidade está comemorando seus 125 anos de fundação, uma vez que o time local estará se exibindo pela primeira vez, desde que aconteceu a fusão dos plantéis de Caxias e América. O representante de Joinville deverá mostrar ao público torcedor o time base que disputará o campeonato estadual. Espera-se uma grande arrecadação para este cotejo, pois a cidade verá, depois de mais de 50 anos de tradições, a união de suas duas principais equipes numa só, e com o objetivo de proporcionar grandes alegrias aos torcedores locais. De outro lado está o Vasco da Gama, de tantas glórias no futebol brasileiro.
O Vasco da Gama, campeão brasileiro de 1974, deverá apresentar ao torcedor joinvilense as suas mais recentes contratações, como Zé Mário, o tri-campeão mundial Marco Antônio, Abel, além do excelente Zanata e do seu artilheiro Roberto Dinamite. A equipe para o encontro desta tarde, segundo o técnico Paulo Emílio, será a mesma que estreará no campeonato do Rio, no próximo sábado, contra o São Cristóvão. O Vasco da Gama iniciará com: Mazaroppi, Toninho, Abel, Renê e Marco Antônio, Zé Mário e Zanata; Fumanchu, Jair Pereira, Roberto Dinamite e Luiz Carlos.
JOINVILLE E. C. x C. R. VASCO DA GAMA
O jogo começará às 16 horas, com a arbitragem de José Carlos Bezerra, no estádio “Ernesto Schlemm Sobrinho”, onde 7 mil pessoas esperam ver o Vasco confirmar a boa fase que vem atravessando e Joinville se constituir num “sparring” a altura do melhor futebol que se pratica no interior do estado.
Os times já definidos por seus treinadores jogarão assim: JOINVILLE E.C. – Renato; Djalma, Ditão, Pompeu e Silvinho; Piava e Fontan; Linha, Samara, Tonho e Zequinha. VASCO – Mazaroppi; Toninho, Abel, Renê e Marco Antônio; Zé Mário e Zanata; Luís Fumanchu, Jair Pereira, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Dé, um dos do ídolos do time, não acompanhou a delegação.
O inquieto João
João Lima parecia ontem um homem abatido, preocupado com os problemas que vem enfrentando para armar sua equipe. O goleiro Wilfried, que se comprometeu a participar do treino de domingo e o deixou na mão, causou-lhe uma grande decepção. – Franqueza é uma palavra que aprecio muito, mas não gosto que me façam de otário. Depois de amanhã (amanhã) vou a São Paulo para ver se trago o Leonetti, do SAAD. Preciso de um goleiro e não vou esperar mais”.
Alguém também o deixou bastante aborrecido ao lembrar que uma emissora vinha anunciando que Ratinho ia participar do jogo. – Vai jogar coisa nenhuma. Se eu tivesse o Ratinho no meu plantel estaria muito mais despreocupado, porque ele daria um jeito de prender o Marco Antônio mais no campo de defesa do Vasco, mas como é que vou escalar um atleta que não participou de nenhum treino da equipe. Aqui temos que estabelecer uma ordem e ela será mantida, seja quais forem as circunstâncias”.
Os chutes de Roberto, de perto da grande área, e os avanços de Marco Antônio, são os que mais lhe preocupam. – É verdade, mas o Linha vai ter que ser um ponta fixo e o Piava ficará preso na cabeça de área. Se o nosso time tomar dois, três ou quatro gols, não será, pois, por culpa de uma consciência derrotista, mas pelo grau de superioridade do Vasco, que já fez inúmeros amistosos e encerra hoje seus preparativos para o Campeonato Carioca”.
O time da estréia
Para representarem o Joinville E.C. na primeira partida que realiza dentro do futebol profissional, o técnico João Lima escalou os seguintes jogadores:
Jornal AN 11/03/1976
Primeiro jogo do Joinville E. C. foi uma festa
Mesmo os tradicionais clássicos Caxias e América, nos seus grandes jogos, não proporcionaram tanta euforia ao torcedor, como aconteceu na última terça-feira, quando pela primeira vez o Joinville E.C. esteve em campo para enfrentar o Vasco da Gama. A torcida vibrou como nunca em campo e, mais ainda quando Tonho, aos 37 minutos do primeiro tempo, abriu a contagem.
Tecnicamente, o jogo não foi bom, com o Vasco demonstrando desgaste físico tendo em vista os seguidos jogos realizados enquanto o JEC apresentou-se muito temeroso, guarnecendo por demais o setor defensivo, principalmente no primeiro tempo quando Tonho ficou isolado na frente.
No segundo tempo apresentou-se um rendimento melhor, com as alterações introduzidas por João Lima. O Vasco empatou aos 18 do segundo tempo através de Roberto Dinamite.
1×1 na maior festa do futebol joinvilense
Foi uma festança. Como a torcida queria, e com mais dinheiro do que os dirigentes esperavam arrecadar. O Joinville começou encolhido na defesa, fechando suas comportas, para evitar que o Vasco transformasse em gols a supremacia técnica alardeada nos primeiros quinze minutos. Mantendo Piava muito fixo e com um trabalho de aplicação irrepreensível na cabeça de área, o Joinville conseguiu adquirir personalidade para se soltar um pouco mais a partir dos 20 minutos e, paradoxalmente, venceu o primeiro tempo por 1 a 0 (gol de Tonho, aos 37 minutos), atacando bem menos do que o quadro cruzmaltino. O Vasco chegou ao empate no segundo tempo, com um gol de Roberto Dinamite aos 18 minutos, mas sem forças e disposição para pretender um resultado melhor, principalmente depois dos 25 minutos quando se tornou visível o desgaste físico da sua equipe.
A torcida festejou o empate de 1 x 1, satisfeita pelo que viu na atuação do seu novo time e pelo que viu na atuação do seu novo time e pelo futebol até certo ponto cauteloso que regeu grande parte dos movimentos do Vasco, durante os noventa minutos. O “batismo” do Joinville rendeu cerca de 330 mil cruzeiros e, por isso, até foi bom que o povão permanecesse inquieto com o franco domínio do Vasco para explodir numa contagiante alegria quando Tonho surpreendeu Mazaroppi, com um chute rasteiro, aos 37 minutos.
O Vasco tratou de ocupar espaços do campo (do meio de campo para frente) alternando o toque de bola em ritmo lento e em um pouco mais corrido para tentar confundir o trabalho de marcação dos joinvilenses, mas sem o time local manteve-se sóbrio no seu defensivismo, sempre com um zagueiro procurando antecipar-se ou com um na espera, interceptando a jogada final. O Vasco evidentemente conseguiu boas penetrações e andou criando situações embaraçosas à frente do gol de Renato, mas no cômputo geral todo o volume de jogo apresentado pela sua equipe limitou-se a um chute de Jair Pereira bem defendido por Renato e as duas faltas cobradas por Marco Antônio, que o goleiro também defendeu com segurança.
OS GOLS
Apesar da maior presença do Vasco no campo ofensivo e da pobreza técnica do time local na armação de suas jogadas de ataque, foi o Joinville quem abriu a contagem. Fontan interceptou um passe errado de Zé Mário, deu a Zequinha e no quarto toque Tonho já estava entrando na área, para chutar de pé esquerdo. Três minutos mais tarde, a jogada se repetiu. Mas aí faltou tranqüilidade para que tentasse o drible sobre Renê ou para calcular melhor o chute.
No segundo tempo, a entrada de Ferreira na ponta-direita, passando Linha para a esquerda, no lugar de Zequinha, deu um pouco mais de equilíbrio ao time local, porém o Joinville continuou atrás, num padrão muito ortodoxo, sem pressa de atacar quando tinha a bola dominada. Sem pressa também esteve o Vasco, que demonstrou aí toda sua maturidade, procurando o gol sem apelar para jogadas de alto fôlego.
O empate, no entanto, foi uma conseqüência lógica do avanço mais efetivo de Zé Mário e Zanata, que nessa fase do jogo ocuparam estrategicamente um espaço mais curto de conexão com o ataque, fixados ambos além do meio de campo. O próprio Zanata quase empatou a partida, aos 8 minutos, pegando uma sobra dentro da grande área, mas Djalma tirou de cabeça em cima da linha de gol.
Aos 18, surgiu o empate, assim na base do jogo estudado. Roberto tabelou com Jair Pereira e recebeu à frente de Pompeu, entrando rapidamente pela grande área. O goleiro Renato poderia ter tentado abafar o chute do atacante, que estava com pouco ângulo, mas não saiu e acabou sendo vencido pelo forte arremesso de Roberto.
Com duas alterações processadas à altura dos 30 minutos, mais ou menos na hora em que Romualdo ocupava o lugar de Tonho, o Vasco conseguiu ainda manter um bom ritmo ofensivo, porque o lateral Gílson mostrou mais desenvoltura do que Toninho, de atuação bastante discreta. O lance que mexeu com o entusiasmo da torcida, no finzinho, nasceu de uma jogada isolada de Romualdo, aos 42 minutos. Recebeu pelo meio, foi-se aproximando da área e dali finalizou forte, rente ao poste esquerdo.
JOINVILLE E VASCO FEZ TODA A BABITONGA VIBRAR
SÃO FRANCISCO DO SUL (do Correspondente) Momentos de expectativa e grande euforia foram vividos pelos desportistas desta cidade com o jogo Joinville x Vasco, anteontem na Manchester Catarinense. Praticamente toda a população ficou ligada ao desenrolar da partida. Por toda parte via-se rádios, em repartições bares, lojas, em carros, escritórios, etc. Muitos torciam pelo Joinville E.C. enquanto que outros faziam sua fé no Vasco. Pode-se afirmar que a emissora de Joinville que transmitia o jogo, alcançou dia 9 audiência 100% durante o jogo.
O grande interesse despertado nos francisquenses, só poderia ser comparado a um jogo final de decisão da Copa do Mundo quando a sorte do Brasil estivesse em jogo. Os francisquenses mostraram-se bastante satisfeitos com o resultado de 1 x 1, o que consideram um ótimo começo para o jovem J.E.C., ao qual toda a população da Babitonga deseja muitas felicidades, conforme expressaram vários torcedores à reportagem. Convém salientar que até mesmo as mulheres, senhoritas e senhoras, ficaram ligadíssimas no jogo acompanhando com inusitado interesse lance por lance. Foi realmente impressionante o número de francisquenses que se deslocaram até Joinville acreditando-se que mais de 1.000 pessoas tenham ido assistir ao jogo Joinville x Vasco.