Um elenco escolhido a dedo
Quando a temporada começou, o Joinville iniciou o certame estadual com um time repleto de jogadores do elenco de 2010, com o passar dos jogos, as caras novas foram aparecendo, cercadas de muita cobrança da torcida. Poucos acreditavam num possível acesso a Série B neste ano, os críticos soltavam o verbo; O foco? Um empresário, o então diretor de futebol do Joinville, Nereu Antonio Martinelli.
Foi debaixo de muitas críticas que o homem forte do futebol catarinense, Nereu Martinelli, permaneceu convicto no seu planejamento. Fazer do estadual um laboratório e garimpar um grande elenco para a disputa da terceira divisão nacional.
As etapas do planejamento
Antes mesmo do ano começar, a Diretoria declarou que daria oportunidade para alguns garotos da base, foi o que aconteceu. Dez nomes subiram para o profissional, somente Edinei chegou a estrear no time de cima. Eles não tiveram oportunidade devido a várias circunstâncias, como o momento do time e a desconfiança da torcida.
No estadual, foram usados 30 jogadores no decorrer do campeonato, alguns foram embora ou afastados do elenco antes mesmo do Catarinense acabar; 12 atletas profissionais eram remanescentes do ano de 2010(Aqui não considerei Edinei e Jonathan). De 30 opções, 12 deixaram o Tricolor durante ou após a competição estadual. Apenas 3 contratações feitas esse ano: Fernandinho, Dias e Renan, que não emplacaram, foram dispensados ou não renovaram.
Alguns nomes receberam várias críticas na sua chegada. Ramon, foi o primeiro a quebrar esse estigma de pé atrás. Depois dele, Lima reafirmou seu futebol e vive o seu melhor ano no Tricolor, com 26 gols marcados até agora, duas artilharias, no catarinense e na Copa SC.
Eduardo por sua vez, achou o seu melhor futebol, voltando ao lado direito, sua posição de origem e fez partidas memoráveis. Renato Santos ganhou confiança ao ser mantido no elenco para 2011. O jogador Diego Zanuto, pouco aproveitado na era Arturzinho, foi considerado o 2º melhor volante do estadual. Grandes apostas de Nereu que deram certo até então; Vale lembrar que Renato Santos e Eduardo seriam dispensados, mas tiveram o aval do cartola e permaneceram em 2011. Ao final do Catarinense, onze(11) contratações feitas pelo Diretor de Futebol permaneceram no JEC: Lima, Ramon, Pedro Paulo, Linno, Jailton, Diego Zanuto, Tiago Real, Mateus, Tiago Real, Charles e Max.
Antes da disputa da semifinal do turno e na semana seguinte, chegaram mais alguns atletas: Pedro Paulo, Linno, Julio Bastos, Jailton, Mateus, Jonatas, Tiago Real e Gilton que apenas voltou do Japão, ou seja, já era jogador do Joinville. O JEC fez uma boa campanha chegando às duas semifinais com momentos de ótimo futebol, como a goleada histórica por 4 a 0 em cima do freguês Avaí.
Para a disputa da Copa SC 2011, o atacante Jonatas, não renovou com o Joinville e seguindo o planejamento, já visando a Série C, chegaram reforços como: Ricardinho, Glaydson, Ronaldo Capixaba, David, Wanderson, Danilo Tarracha, Ênio, Ivan, Fabiano Silva e Eraldo que acabou sendo negociado com o Juventude.
Alguns nomes tinham a total desconfiança da imprensa e torcida, o clima era muito pior do que no começo da temporada. Nereu que acompanhou esses jogadores nos estaduais que eles disputavam, resumiu a apresentação de todos com a frase “Eles estão chegando pelo futebol que apresentaram no primeiro semestre”. Desses 10 jogadores que chegaram, sete deles jogaram ao menos 1 jogo como titular nesta série C, ou seja, tiveram participação direta no acesso.
Com novas caras, o técnico Giba não conseguiu implantar seu esquema de jogo. Arturzinho chegou, provou que o elenco precisava de motivação, um espírito de time vencedor. Com esse técnico, apenas Júlio Bastos foi dispensado, por bater boca com Arturzinho no seu primeiro dia de treino a frente do JEC.
O Joinville tornou-se um time equilibrado, depois um grupo campeão, e o plantel foi aprovado para a Série C. Apenas o meia João Henrique que não chegou a ser apresentado, integrou-se a equipe durante o início dos trabalhos, visando o campeonato nacional.
Nessa ocasião, os torcedores já tinham mudado o discurso, muitos deles acreditavam no acesso, porém queriam mais contratações, incluindo aí a imprensa joinvilense.
O planejamento não previa mudanças, “contratações”. Vale lembrar que quando o diretor de futebol Nereu Martinelli era questionado sobre possíveis reforços, indagava que o mercado não apresentava grandes possibilidades na ocasião e que apenas algum jogador diferenciado poderia entrar no elenco.
Nereu só não contava com a contusão do maior ídolo do Joinville, artilheiro da Copinha e do Catarinense, o atacante Lima. Não foi fácil para a torcida, quem dirá para o Diretor, que trouxe sobre olhares desconfiados o atacante Bruno Rangel, que foi cruel no ataque e na defesa, um monstro no papel de primeiro homem na bola parada.
O resto da história, foi o acesso comemorado por toda a cidade. E sem dúvida, Nereu Martinelli tem uma grande parcela nesse acesso.
Nereu contribuiu com 37 contratações, 15 jogadores saíram do elenco(Oito vieram de 2010), 22 permaneceram, um percentual de 59,5% de acerto. Se considerarmos apenas as contratações do ano de 2011, o índice de acerto sobe para 74%. Mas o diferencial foi ter apostado em jogadores que estavam em sua melhor forma física e técnica, que no mínimo podiam contribuir para uma grande campanha. Quem planta colhe, dos grandes nomes que Nereu apostou, apenas Fernandinho não deu certo aqui no Joinville.
Muitos desses jogadores, eu diria mais de 80%, só vieram para o JEC por causa do nome forte do Diretor de Futebol e só ficarão com a sua permanência, ou alguém esqueceu do ano de 2006? Ele saiu e mergulhamos no caos escuro e sombrio de dias sem futebol na Arena Joinville.
Realmente foi um ano fantástico, assim o homem forte do Tricolor se torna o homem forte do estado, sua credibilidade e conhecimento no futebol são pretendidos por vários clubes, mas Nereu ama o JEC e vai ficar no Tricolor, não tenho a menor dúvida disso.